A The Formation World Tour foi a quinta turnê de Beyoncé, que aconteceu em 2016 para promover seu álbum Lemonade. O album em si já traz visuais icônicos numa história bastante imersiva. Um dos trabalhos mais aclamados de Beyoncé. Como parte essencial disso, a turnê não poderia ser diferente, trouxe uma produção visual que elevou o nível da experiência de shows.
Descubra os detalhes da produção visual e direção artística desse espetáculo, com foco no set design, no palco e nos cenários.
O Set Design da Formation Tour
A direção de arte e o set design da Formation Tour foram assinados por Es Devlin, renomada designer de cenários, e Ric Lipson, da Stufish Entertainment Architects. Juntos, eles criaram um espetáculo que combinava inovação técnica e narrativa visual. Devlin é conhecida por seu trabalho com artistas como Adele e Kanye West, e sua abordagem para a turnê de Beyoncé foi integrar design e performance de forma a tornar cada parte do show memorável.
O set design dessa turnê trouxe uma abordagem bastante arrojada ainda que minimalista, um dos mais ousados em comparação às turnês anteriores de Beyoncé.
O Palco: um cubo rotativo gigante com paredes de led
O palco principal era uma declaração por si só: um cubo gigante e rotativo no centro do cenário. Esse elemento icônico, apelidado de “Monolith”, foi projetado por Es Devlin e a equipe da Stufish para ser multifuncional. Ele servia como tela, estrutura dinâmica e símbolo visual, projetando imagens, vídeos e gráficos que se adaptavam a cada música.
“É uma evolução da ‘caixa mágica’ de compensado que desenvolvemos para as apresentações de MIA (Made in America) e GC (Global Citizen): cada vez que levantávamos a caixa de compensado, uma nova cena era revelada abaixo dela. O compensado era como uma pele, e novos aspectos da arte e da personalidade de Beyoncé eram revelados a cada vez que levantávamos essa pele.” Disse Es Devlin.
A rotação do cubo criava novas perspectivas para o público e simbolizava os diferentes ângulos de Beyoncé como artista. Era uma peça de engenharia e arte que sintetizava o conceito da turnê: força, reinvenção e controle absoluto.
“A escala da caixa giratória, o ‘Monolith’, como passou a ser conhecido, nasceu do nosso desejo de que fosse o objeto mais alto do estádio, uma peça de arquitetura cinética equivalente a um prédio giratório de LED com sete andares,” diz Devlin.
A ideia principal é projetar no cubo a tramissão em tempo real do palco, para que as pessoas prestassem atenção na performance em si. Além de visuais que criavam um incrível story telling entre as performances.
“O cubo está em escala de estádio, mais como um enorme outdoor 3D, uma gigantesca armadura de LED dentro da qual Beyoncé é revelada como uma figura real em escala humana. A turnê é concebida seguindo os mesmos capítulos lineares do extraordinário filme Lemonade de Beyoncé. A cada rotação, um novo capítulo da sequência se desenrola.” disse Devlin.
A iluminação, projetada por Tim Routledge, complementava a visão artística de Es Devlin e Ric Lipson. Cada luz era coreografada para destacar os movimentos de Beyoncé e sua equipe, criando contrastes dramáticos e potencializando a energia do show.
“Tim trabalhou em estreita colaboração com a Parkwood e com Beyoncé para alcançar a visão muito específica que eles tinham para a peça,” disse Devlin.
Parte da estrutura de iluminação se torna cinética e gira junto com o monólito, enquanto a outra parte é uma parede estática de luzes, que contrasta com a escultura e esculpe a luz ao seu redor.
A equipe de conteúdo em vídeo é composta pelos diretores criativos Ed Burke e Todd Tourso, que trabalham com a produtora criativa de Beyoncé, Erinn Williams, todos parte do braço criativo da empresa da cantora, Parkwood Entertainment. ‘Os lindíssimos filmes intersticiais foram encomendados por Ed e Todd, dirigidos por Dikayl Rimmasch e produzidos por Jonathan Lia,’ diz Devlin, acrescentando que Beyoncé mantém controle criativo sobre cada detalhe do conteúdo, bem como sobre todos os outros aspectos da turnê.
“‘Grande parte do conteúdo exibido no monólito é filmagem ao vivo tratada de Beyoncé e dos performers, e Ed e Todd colaboraram com Luke Halls e Smasher Desmedt, que também trabalharam conosco no U2, no tratamento dessas imagens ao vivo.”
Devlin trabalhou de diversas formas em seu processo criativo, criando modelos e colagens, além de renderizações no [Adobe] Photoshop e no [Maxon] Cinema 4D. “Fizemos uma animação do monólito girando em tempo real, quatro minutos para 360 graus. Na animação, parecia terrivelmente lento, mas na realidade, parecia apropriado para uma peça dessa escala.”
A piscina no palco B: água como elemento cênico
Outro importante ponto foi o uso de uma piscina no palco, presente em momentos cruciais do show, representando a antítese da raiva, do fogo. Durante “Freedom”, Beyoncé e suas dançarinas interagiam com a água de forma impactante, reforçando visualmente o poder bruto e a energia libertadora da música.
Esse uso de um elemento natural como parte do set design não era apenas estético; era simbólico. A água representava purificação, perdão e redenção, temas centrais tanto da música quanto do álbum Lemonade.
A Formation Tour não foi só sobre Beyoncé como artista; foi uma aula de como transformar um show em uma experiência inesquecível. Es Devlin, Ric Lipson e toda a equipe criativa mostraram que excelência está nos detalhes. Cada elemento, do set design ao figurino, foi pensado para comunicar algo maior, provando que um show pode ser muito mais do que música – pode ser arte em movimento. E a Beyoncé tem constrúido uma equipe criativa incrível ao redor do seu trabalho, possibilitando grandes inovações e criando visuais inspiradores.